sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Entre os Vivos e os que Vivem


Quirina acendia mais um rolo de fumo;
Ao lado fazia-se de parceiro um trago.
Ao canto da boca lhe escorria o mesmo em cores brancas e cheiro forte,
Ardendo sobre seu corpo e fazendo-a cuspir compassadamente com o seu doce terror.

Após dois copos mais seus olhos ganhavam lágrimas
Conforme suas lembranças retraídas e ali exatamente ali  literalmente exaladas .
Talvez as lembranças tenham sido os reais motivos pra ela está ali,
Talvez as lembranças tenham se feito simplesmente presente como uma desculpa.

E em meio ao cheiro fedido do fumo que Quirina puxava,
Nas estrelas ela ganhava riso
E ria dos seus descompromissos.

E como uma via de mão única deixava ir e vir o que há tempos lhe fazia parte,
As soluções que se dava não era efeito único das lágrimas que por ventura vinham
E sim da combinação de álcool e fome que lhe consolava;
Era a mistura simples de uma mulher com mais lembranças do que risos,
Era a mistura da tortura de quem não viu a candura dos homens,
Era a mistura de quem sucumbiu à pobreza, a fraqueza de não saber portar-se forte.
De render-se as faltas de dotes que não lhe propuseram.

Quirina matava todas as mortes em vida com lembranças que lhe traziam o que até ali lhe faltava.]
Em mão agora se fazia outro papel carregado de tabaco depois de enlambuzado em seus lábios.
Quirina tragava a vida em pitadas
E exalava fumaça em recordações:
Da infância não vivida, da adolescência perdida
E da vida adulta ainda não crescida que amargura a falta de não saber conviver com a própria vida.]

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