domingo, 15 de novembro de 2015

À CAMINHO DO PERENE RIO

O rio corre
Meninos movem-se,
Antes que toda água do açude jorre
Os galos cantam
E os meninos correm
Tangendo o gado
Atrás de uma bola, de uma ave
Ou com trouxa  de roupa as costas.
Mata a dentro
Piçarra misturada com pedras afora
Construções de pau-a-pique revela mais um menino para o mundo
antes que ele venha a correr, o menino chora
Compadres esperam um pouco
Para um delicioso doce
Quem sabe um café
Ou um leite tirado na hora
No  rádio de pilha
Baladas sertanejas de violas
Na calçada um senhor pita mais um cigarro de palha
Os pássaros livres entre os galhos
Mal sabem que passarão a serem domesticados em gaiolas

E os meninos?
Os meninos ainda correm...

Meninas trafegam a inocência
Tranças, piolhos, nada a mercê da moda
Correntes de trancilin, cai no poço, competições de pula corda
Sem buzinas, sem sinais, sem amarras, sem consolas
Os carros se camuflam em carroças
As grutas ecoam o som calmo das junções dos rios,das grotas
As matas verdes respiram sem escórias
O azul do céu aqui não se confunde com o cinza
E a correria urbana do tempo
Ganha outro contexto itinerário das horas

E os meninos e meninas ?
Deram uma pausa para irem a escola

Assim tudo segue 
Amanhã começará tudo outra vez:
Bicicletas, motos, carroças,carroçais,
Rios, pássaros, estrumes entrando pela derme das narinas
continuará tudo na mesma rotina
Com o sol queimando a cabeça, enrugando a pele
E o suor misturado a poeira coçando a retina
Mas antes disso o sol se esconde
A lua surge com sua poesia ao longe
As veredas temem lendas
e outros contos que se escondem ao monte
Estrelas anunciam o sono e desejo
De um povo que segue a vida
na passada da devoção de um monge.

E os meninos e meninas ?
Agora eles dormem.


Nenhum comentário:

Postar um comentário